terça-feira, 19 de abril de 2011

Vamos fazer amigos entre os animais?

"Vamos fazer amigos entre os animais, que amigos destes não são demais na vida...". O Noé e o Carlos Alberto Moniz que me desculpem, mas eu não concordo. Eu sei que há quem defenda que, ao contrário das pessoas, os animais não são fingidos, e não se interessam se somos bonitos ou feios, ricos ou pobres, betos ou metaleiros, pretos ou brancos. Mas, se me permitem, digo-vos que há animais que não são de confiança... 

Para começar a minha pseudo-sentença, vou pôr de lado o cão. Realmente não há quem seja mais fiel do que o cão. É aquele que, quando chegamos a casa, vem a correr ter connosco, o que nos acorda de manhã para brincarmos na relva, aquele que quer passar um dia inteiro connosco, independentemente de ficarmos em casa ou de irmos passear, aquele que, ao sentir que estamos a ter um dia mau, se deita aos nossos pés, acalmando-nos com a sua presença e serenidade, de forma a percebermos que não estamos sozinhos. É por isto que comparo um cão aos verdadeiros amigos - de uma forma ou de outra, estão sempre lá para nós.

Não obstante, há outros animais. Refiro-me, pois, aos animais fingidos. Se há animais fingidos? Claro que há! Pensemos num gato, por exemplo. Fofinhos e queridos, autênticas bolas de pêlo, com as quais podemos rebolar um dia inteiro. Mas, no entanto, não são sinceros. Tantas vezes que o chamamos e ele ignora-nos! E pior, basta levarmos um amigo à nossa casa e o gato sente-se logo ameaçado, não só pelo amigo, como por nós. Ciumento no real sentido da palavra. Só quer ser o centro das atenções. Egocêntrico, eu diria! 
Tal como o cão, também o gato facilmente se assemelha a pessoas que fazem parte da nossa vida. Aquelas pessoas a quem levianamente chamamos de amigos, fechando os olhos aos seus ataques de ciúmes constantes ou à sua necessidade de ser o centro das atenções, olhando unicamente para o seu belo umbigo e desdenhando das necessidades dos que as rodeiam.

Depois, ainda há os animais selvagens, que muitos tentam domesticar. Ignoram, desde cedo,  que o leão ou a piton que têm em casa possam, um dia, feri-los de morte. Simplesmente não percebem que há animais que nasceram para serem livres, animais que vivem sem bases afectivas que os prenda a outros animais. Ora, pensem lá: não conhecem ninguém assim? Aquelas pessoas que sabemos tão bem que, se me permitem a expressão, "não valem nada"? Aquelas amizades que têm os dias contados, não pela nossa parte, mas porque aquela pessoa é incapaz de criar laços, de ser verdadeiramente amiga. Eu conheço destes animais e, por favor, digam-me lá se é suposto eu ser amiga deles...

E os touros e as mulas, que não nos deixam chegar perto, sem nos darem marradas e patadas? E as lamas que nos cospem? E os peixes que "mordem a isca e cagam no anzol"?

Certo dia a Madre Teresa de Calcutá disse algo muito interessante: "Quem julga as pessoas não tem tempo para as amar". E tem toda a razão! Efectivamente, não devemos criticar sem um conhecimento prévio e não devemos efectuar juízos de valor sem conhecermos a razão de facto. É dificil conviver com pessoas porque é difícil calar certas situações! Todavia, ao conhecermos os animais com quem lidamos diariamente, torna-se complicado não notarmos os seus erros, a sua má conduta. Como bons amigos que somos devemos alertá-los do que entendemos estar mal. Se, de facto, as pessoas em questão forem amigos de verdade, irão aceitar as nossas intervenções. Se não forem, então deixemos a vida levá-las de nós, sem qualquer arrependimento. Já dizia o povo que "quem nasceu para lagartixa, nunca chega a jacaré" !

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